Satisfação com a vida dos jovens cuidadores

Abstract

Objetivo: Há muitas crianças e jovens que assumem responsabilidades de cuidado dos pais, irmãos ou outros familiares que têm uma doença, deficiência, problema de saúde mental ou outra dependência de cuidados e supervisão (Joseph, et al., 2009). Estas responsabilidades envolvem tarefas exigentes e de uma enorme sobrecarga que, normativamente, não estão presentes na vida de pessoas desta faixa etária (Choudhury & Williams, 2020). Desta forma, é importante estudar o impacto do papel de cuidador informal ao nível da satisfação com a vida do jovem, sendo que se pretende contribuir para o desenvolvimento desta área de estudo e compreender as diferenças ao nível da satisfação com a vida entre jovens cuidadores informais e jovens não cuidadores nas suas diferentes trajetórias desenvolvimentais. Método: A amostra é constituída por dois grupos de jovens entre os 12 e os 18 anos recolhida no âmbito do projeto de inovação social Jovens Cuidadores, apoiado pelo município. O primeiro grupo (N=129) é constituído por jovens cuidadores informais e o segundo grupo (N=106) é constituído por jovens não cuidadores. Os instrumentos de avaliação utilizados foram um questionário sociodemográfico, a tradução portuguesa do Multidimensional Assessment of Caring Activities (MACA-YC18) (Joseph et al., 2009) e a versão portuguesa do Brief Life Satisfaction Scale (BLSS; Huebner, 1997; Costa et al., 2021). Resultados: Recorreu-se ao programa IBM SPSS para análises descritivas e estatística inferencial, usando testes paramétricos, designadamente testes T para amostras independentes e o Coeficiente de Pearson. Foi também utilizado o teste não paramétrico Mann- Whitney. Os resultados sugerem que a função de cuidador influencia o nível de satisfação com a vida dos jovens. Não hã associação entre o género e a satisfação com a vida, porém há uma associação entre a idade e a satisfação com a vida, quanto maior a satisfação com a vida, menor a idade. Além disso, há associação entre a quantidade de tarefas desempenhadas e a satisfação com a vida, bem como diferenças significativas entre a quantidade de tarefas dos jovens cuidados e dos jovens não cuidadores, especificamente no que diz respeito à escala “cuidados pessoais” e “apoio emocional”.

Purpose: Many children and young people take on caring responsibilities for parents, siblings or other family members who have an illness, disability, mental health problem or other dependency on care and supervision (Joseph, et al., 2009). These responsibilities involve demanding tasks and a huge burden that are not normally present in the lives of people in this age group (Choudhury & Williams, 2020). It is therefore important to study the impact of the role of informal carer on young people's life satisfaction, with the aim of contributing to the development of this area of study and understanding the differences in life satisfaction between young informal carers and young non-carers in their different developmental trajectories. Method: The sample consisted of two groups of young people aged between 12 and 18, collected as part of the Young Carers social innovation project, supported by the municipality. The first group (N=129) is made up of young informal carers and the second group (N=106) is made up of young non-carers. The assessment instruments used were a sociodemographic questionnaire, the Portuguese translation of the Multidimensional Assessment of Caring Activities (MACA-YC18) (Joseph et al., 2009) and the Portuguese version of the Brief Life Satisfaction Scale (BLSS; Huebner, 1997; Costa et al., 2021). Results: The IBM SPSS programme was used for descriptive analyses and inferential statistics, using parametric tests, namely T-tests for independent samples and Pearson's Coefficient. The Mann-Whitney non-parametric test was also used. The results suggest that the role of carer influences young people's level of life satisfaction. There was no association between gender and life satisfaction, but there was an association between age and life satisfaction: the higher the life satisfaction, the lower the age. In addition, there is an association between the number of tasks performed and life satisfaction, as well as significant differences between the number of tasks performed by young carers and young non-carers, specifically with regard to the ‘personal care’ and ‘emotional support’ scales.