Serviço social rural : desafios em territórios de baixa densidade demográfica

Abstract

Apesar dos compromissos assumidos em várias medidas e programas, parece verificar-se um fracasso generalizado das políticas públicas para o desenvolvimento do interior e redução das assimetrias. Nos territórios de baixa densidade, vários Assistentes Sociais rurais trabalham diariamente na ajuda às populações rurais, muitas em situação de isolamento social, geográfico e em situação de pobreza extrema. Deste modo, e face ao contexto rural, colocou-se a questão central desta investigação: Quais os principais desafios dos Assistentes Sociais rurais em territórios de baixa densidade demográfica? No decorrer da investigação privilegiou-se a abordagem qualitativa como estratégia metodológica. Para a recolha de dados empíricos optou-se pelo recurso a entrevistas semiestruturadas e grupos focais. A amostra da investigação é constituída por 20 Assistentes Sociais rurais/em exercício em meio rural, concretamente nas NUTS II do Alto Alentejo e Beira Baixa. A abordagem conclusiva realça considerações e oportunidades para o desenvolvimento do Serviço Social rural. Foram vários os desafios do Serviço Social rural identificados, destacando-se a questão da distância aos meios dispersos, a distância dos serviços e respostas, o despovoamento e desertificação dos territórios, a necessidade de políticas impulsionadoras de mudanças estruturais e comunitárias, e o acesso à saúde. Conclui-se que, de entre os vários modelos de intervenção identificados, nenhum tem em especial atenção o contexto ou cultura rural, recomendando-se a divulgação de modelos que compreendam perspetivas que contribuam para o abandono da perspetiva dos deficits sobre os meios rurais e à adoção de uma perspetiva mais positiva. Foram poucos os exemplos apresentados de prática política, sugerindo-se a capacitação dos Assistentes Sociais no ativismo político e no desenvolvimento de atividades políticas promovidas pelo Assistente Social rural, como função inerente ao exercício da profissão. Foi consensual a autoperceção do Assistente Social rural enquanto agente de desenvolvimento dos recursos das comunidades rurais.

Despite the commitments made in various measures and programs, there appears to be a general failure of public policies for the development of the interior and reduction of asymmetries. In low-density territories, several rural Social Workers work daily to help rural populations, many in situations of social and geographic isolation and in situations of extreme poverty. In this way, and given the rural context, the central question of this investigation was posed: What are the main challenges for rural Social Workers in territories with low demographic density? During the research, the qualitative approach was privileged as a methodological strategy. To collect empirical data, we chose to use semi-structured interviews and focus groups. The research sample is made up of 20 rural Social Workers/practicing in rural areas, specifically in NUTS II of Alto Alentejo and Beira Baixa. The concluding approach highlights considerations and opportunities for the development of rural Social Work. There were several challenges identified for rural Social Work, highlighting the issue of distance to dispersed resources, distance from services and responses, depopulation and desertification of territories, the need for policies that promote structural and community changes, and access to health. It is concluded that, among the various intervention models identified, no one pay particular attention to the rural context or culture, recommending the dissemination of models that comprise perspectives that contribute to the abandonment of the perspective of deficits in rural areas and the adoption from a more positive perspective. There were few examples of political practice presented, suggesting the training of Social Workers in political activism and in the development of political activities promoted by rural Social Workers, as a function inherent to the exercise of the profession. There was consensus on the self-perception of the rural Social Worker as an agent for developing the resources of rural communities.