A relação entre a perturbação de stress pós-traumático e a qualidade de vida e qualidade do sono

Abstract

O presente estudo tem como objetivo avaliar a relação que a perturbação de stress pós-traumático tem na qualidade de vida e na qualidade do sono. Realizou-se um estudo transversal e foram aplicados três instrumentos: Posttraumatic Stress Disorder Checklist – Civilian Version (PCL-C); Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI); World Health Organization Quality of Life - bref (WHOQOL-bref); Questionário sociodemográfico. A amostra é constituída por 134 participantes (62.7% mulheres e 37.3% homens; faixa etária mais representada foi entre os 51 e 59 anos (25.4%)); 51.5% da amostra com Perturbação de Stress Pós-Traumático). Os resultados obtidos revelaram a existência de relações significativas entre a gravidade da sintomatologia de Perturbação de Stress Pós-Traumático e a qualidade de vida, bem como com a qualidade do sono. De salientar também, a discrepância encontrada entre os sintomas identificados e a perceção pessoal da perturbação. Este indicador de sub-reconhecimento evidencia a importância de promover uma maior literacia e consciência sobre esta perturbação e os sintomas associados. Verifica-se assim que as alterações do sono, afetam negativamente a qualidade do sono, que por sua vez afeta o processamento emocional dos eventos stressores traumáticos, contribuindo assim para um pior prognóstico da Perturbação de Stress Pós-Traumático que interfere negativamente na qualidade de vida destes indivíduos.

The purpose of this study was to assess the relationship between posttraumatic stress disorder and quality of life and sleep. A cross-sectional study was conducted using three instruments: Posttraumatic Stress Disorder Checklist - Civilian Version (PCL-C); Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI); World Health Organization Quality of Life – bref (WHOQOL-bref); Sociodemographic Questionnaire. The sample consisted of 134 participants (62.7% women and 37.3% men; the most represented age group was between 51 and 59 years (25.4%)); 51.5% of the sample had post-traumatic stress disorder. The results obtained revealed significant relationships between the severity of post-traumatic stress disorder symptomatology and quality of life, as well as with sleep quality. Also noteworthy is the discrepancy found between identified symptoms and personal perception of the disorder. This indicator of underrecognition highlights the importance of promoting greater awareness and knowledge of this disorder and its associated symptoms. Thus, it is confirmed that sleep disturbances negatively affect sleep quality, which in turn affects the emotional processing of traumatic stressor events, thereby contributing to a worse prognosis of post-traumatic stress disorder, which negatively affects the quality of life of these individuals.