A relação entre o uso das redes sociais e o bem-estar psicológico nos adolescentes

Abstract

O uso excessivo das redes sociais está frequentemente associado a consequências negativas ao nível do bem-estar psicológico, autoestima e satisfação corporal, podendo também influenciar o modo como as relações amorosas são vivenciadas. Na adolescência, o impacto da utilização excessiva reveste-se de especial importância, dado tratar-se de um período desenvolvimental de construção de identidade. O presente trabalho, de natureza quantitativa, tem como objetivo explorar e caraterizar a relação entre a adição às redes sociais em adolescentes e o bem-estar psicológico, autoestima, satisfação corporal e vinculação amorosa dos mesmos. Participaram, neste estudo, 106 adolescentes (39 do sexo masculino e 67 do sexo feminino) com idades compreendias entre 16 e 19 anos. O plano metodológico incluiu a administração de 6 instrumentos: Questionário sociodemográfico, Escala de Autoestima de Rosenberg, Escala de Bem-Estar Psicológico para Adolescentes, Escala de Adição às Redes Sociais, Escala de Estima Corporal para Adolescentes e Adultos e Questionário de Vinculação Amorosa. Os resultados indicam uma associação negativa significativa entre: (1) a adição às redes sociais e o bem-estar psicológico e (2) a adição às redes sociais e a autoestima. Encontrou-se também uma associação negativa significativa entre uma das subescalas da Escala de Adição às Redes Sociais – “consequências sociais da adição” - e a satisfação com a aparência. Foram ainda observadas diferenças significativas relativamente aos níveis de adição às redes sociais de acordo com o sexo, tendo o sexo feminino uma média superior. Para além disso, a amostra foi dividida em dois grupos, com e sem adição às redes sociais, observando-se diferenças significativas relativamente: (1) ao bem-estar psicológico, sendo que o grupo sem adição mostrou médias mais elevadas, e (2) à subescala do questionário de vinculação – “evitamento” -, sendo que o grupo com adição às redes sociais apresentou um resultado mais elevado. Verificaram-se diferenças significativas nas consequências sociais da adição às redes sociais de acordo com o estilo de vinculação, tendo os estilos de vinculação inseguros (desinvestido, amedrontado e preocupado) apresentado médias mais elevadas. A competência percecionada revelou-se um fator protetor, mitigando as consequências sociais da adição.

Excessive use of social networks is often associated with negative consequences in terms of psychological well-being, self-esteem, and body satisfaction and may also influence how the individual experiences love relationships. In adolescence, the impact of excessive use is of utter importance, given that it is a developmental period of identity construction. The present work, of a quantitative nature, aims to explore and characterize the relationship between addiction to social networks in adolescents and their psychological well-being, self-esteem, body satisfaction, and loving attachment. In this study, the participants were 106 adolescents (39 males and 67 females) aged between 16 and 19. The methodological plan included six instruments: Sociodemographic Questionnaire, Rosenberg Self-Esteem Scale, Psychological Well-Being Scale for Adolescents, Social Media Addiction Scale, Body Esteem Scale for Adolescents and Adults, and Love Attachment Questionnaire. The results indicate a significant negative association between (1) social media addiction and psychological well-being and (2) social media addiction and self-esteem. There was a significant negative association between the subscale social consequences of addiction of the Social Media Addiction Scale and satisfaction with appearance. Significant differences were also observed regarding the levels of addiction to social networks according to gender, with females having a higher average. In addition, the sample was divided into two groups, with and without addiction to social networks, observing significant differences regarding (1) psychological well-being, with the group without addiction showing higher averages, and (2) the subscale of the attachment questionnaire – avoidance -, and the group with addiction to social networks presented a higher result. There were significant differences in the social consequences of adding to social networks according to attachment style, with insecure attachment styles (disinvested, fearful, and preoccupied) showing higher averages. Perceived competence proved to be a protective factor, mitigating the social consequences of addiction