A adaptação funcional da adega na evolução cultural da paisagem vitícola da Ilha do Pico

Abstract

Paisagem Cultural da Vinha da Ilha do Pico, integrada a partir de 2004 na lista do património da Humanidade, encontra-se num momento crucial da sua existência. A classificação feita com o intuito de projetar a Ilha, enaltecendo o património construído, teve consequências na comunidade local e no modo como esta interage com o património. Com a crescente proteção por parte da administração central, procedente do desenvolvimento da lei de bases do ambiente, e de outras iniciativas, aparece numa conjuntura que interfere na prática da construção diretamente ligada à arquitetura. As classificações para salvaguarda do património na legislação regional delimitam o campo de intervenção do arquiteto, quando o obrigam a respeitar um conjunto de normas para proteção de uma imagem correspondente às construções na sua fase inicial, o que impede uma maior liberdade plástica e a exploração de linguagens populares que surgiram na última metade do séc. XX. Inseridos na Paisagem Cultural da Vinha da Ilha do Pico, hoje classificada como Património Mundial da Humanidade, os equipamentos vitícolas, em especial a adega, o que mais se adaptou com o tempo, poderá assim servir de estudo consoante os temas abordados através da documentação da sua reciclagem. Sobreviveu ao abandono do cultivo transformando-se em casa de habitação de veraneio até ao turismo rural dos dias de hoje. A sua construção progrediu de forma informal, acompanhando a evolução cultural da população. Pretende-se assim relatar o fenómeno que fez com que estas construções integradas na paisagem mudassem o seu aspecto e a sua funcionalidade, dando às pessoas novas relações com o lugar.