O processo teórico na reabilitação : Alvôco das Várzeas como estudo de caso

Abstract

As cidades funcionam como organismos com vida e conforme a maior parte estão sujeitas a diferentes ações, dependendo a sua “saúde” da sua capacidade resiliente no tempo. As cidades desenvolvem-se, crescem, degradam-se, entram em decadência, recuperam das agressões de que são alvo, reabilitam-se e funcionam consoante as solicitações que sofrem por parte dos seus utilizadores, para o melhor e para o pior. As cidades têm carácter, identidade, valor, alma e, consequentemente, geram uma relação emocional com quem as vive. Tantas vezes se ouve dizer “eu amo esta cidade”. É uma expressão demasiado forte para não ser levada a sério. Assim todos os atores e produtores de cidade devem perceber a melhor forma de atuar no seu espaço. Todos devemos conhecer a nossa função na cidade, seja enquanto promotores, enquanto criadores, ou utilizadores. O promotor deve criar condições para o criador criar para o utilizador. É um pensamento tão simples que, certamente, por ser tão simples, raramente se pratica. É fundamental que, no quadro atual, exista a preocupação de reabilitar as cidades, atuando no seu espaço e nos seus edifícios, dotando-os de qualidade e função e corrigindo erros que sofreram nas diversas ações de que foram alvo na sua história, com a preocupação de nunca lhes retirar a alma e a identidade. O arquiteto surge aqui como elemento necessário nesta intervenção, devendo chamar a si a responsabilidade para a qual se preparou. O processo de reabilitação, que se pretende estudar com uma abordagem integrada e estratégica, procura alcançar a elevada qualidade de vida para as populações, eficácia nas infraestruturas urbanas, a adequabilidade com a envolvente natural e a promoção das relações humanas de proximidade. Para tal é necessária uma análise séria de todos os dados sobre as características do cenário futuro e um processo participado pelas populações e diferentes atores.