Paisagem e património arquitectónico : a vila de Monforte como paradigma de reciprocidade

Abstract

A abordagem temática presente no corpo desta dissertação procura aprofundar a forte ligação existencial entre património arquitetónico e paisagem. Nesta tentativa, a leitura dos limites de cada uma das partes remeterá para o ponto fulcral e essencial deste estudo: reconhecer e validar as formas da sua reciprocidade. O trabalho parte da base teórica das definições semânticas de paisagem e de património e do modo como esses conceitos evoluíram ao longo da historiografia e historiologia humanas. Na arquitectura, a concretização dessa reciprocidade vivencia-se. Para dar corpo e consolidar as perceções, tomamos como elementos de apoio, alguns casos de referência que acreditamos materializar o nosso entendimento do tema. O mais importante é a perceção do conceito como base estratégica para uma abordagem prática no desenvolvimento projetual. Nos territórios de baixa densidade populacional do interior de Portugal, observamos um processo contínuo de ausência de intervenção e manutenção dos espaços públicos, resultado do desinvestimento geral na sua valorização enquanto património, imputáveis aos interesses privados, ou então, a intervenções pouco resilientes e de desenho inapropriado. Quando o paradigma atual é dar prioridade à minimização dos efeitos negativos da ação humana sobre o ambiente, o património arquitetónico pode-nos transmitir muitos ensinamentos sobre a sua relação recíproca de fronteira com a paisagem, e da maneira de intervir em ambos com um mínimo de meios para um máximo de efeito regenerador e recombinatório.

The link between architectural heritage and landscape is very strong. In this work we study each of the points to highlight the central and essential point of this relationship: the reciprocity that exists between one and the other. The study departs from the theoretical basis of the semantic definitions of landscape and heritage and how these concepts have evolved throughout human history and sensibilities. As in all architecture, the materialization of this reciprocity is experienced and is therefore exemplified through various European examples. The most important is the perception of the concept as a strategic basis for a practical approach in project development. In areas with low population density of interior of Portugal, we observe a continuous process of absence of intervention and maintenance of public spaces, the result of a general lack of investment in valuing them as heritage, attributable to private interests, or else, to interventions that are not very resilient and designed inappropriate. When the current paradigm is to give priority to minimizing the negative effects of human action on the environment, the architectural heritage can teach us many lessons about its reciprocal relationship with the landscape, and the way to intervene in both with a minimum of means for a maximum regenerative and recombinatory effect.