O impacto da função de cuidador informal no bem-estar subjetivo dos jovens

Abstract

Em Portugal, estima-se que cerca de 65 mil crianças tenham a responsabilidade de prestar apoio e cuidados regulares a familiares com doença (seja física e/ou mental), incapacidade ou vulnerabilidade. Neste estudo, procurou-se analisar a influência que a função de cuidador informal pode ter no desenvolvimento dos jovens, particularmente no que se refere ao seu bem-estar subjetivo. É importante destacar que, dado a falta de apoio por parte das entidades governamentais, o desempenho da função de Cuidador Informal (CI) pode ter uma influência significativa no desenvolvimento destes jovens. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo investigar a influência da função de cuidador informal no bem-estar subjetivo dos jovens, ou seja, avaliar em que medida o facto de jovens com idades entre os 12 e os 18 anos desempenharem regularmente tarefas significativas de cuidado a um familiar com doença ou incapacidade afeta o seu bem-estar subjetivo. Foram inquiridos 235 indivíduos, sendo o grupo de jovens não cuidadores constituído por 129 jovens e o grupo jovens cuidadores constituído por 106 jovens cuidadores informais. Estamos perante uma investigação de abordagem quantitativa onde foram aplicados vários instrumentos de autorrelato, incluindo um questionário sociodemográfico e versões traduzidas para português de várias escalas, como o Multidimensional Assessment of Caring Activities (MACA-YC18), o Positive and Negative Outcomes of Caring (PANOC-YC20), a Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), o Kidscreen-10, a Escala Breve de Satisfação com a Vida (EBSV) e a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS). Para analisar os dados, foi utilizado o IBM-SPSS para realizar análises descritivas e de estatística inferencial, tendo sido utilizados testes paramétricos, como Testes de Associação e Análises de Variância (ANOVA) e um teste não paramétrico, Kruskall-Wallis. Os resultados obtidos apontam para que a função de cuidador informal não influencie significativamente o bem-estar subjetivo dos jovens, no entanto, uma análise das diferenças entre os grupos de Jovens não cuidadores e jovens cuidadores revelou que os Jovens Cuidadores apresentam maiores níveis de afeto positivo e menores níveis de satisfação com a vida, comparativamente ao grupo de Jovens não Cuidadores.

In Portugal, it is estimated that around 65 thousand children are responsible for providing regular support and care to family members with illness (whether physical and/or mental), disability or vulnerability. In this study, we sought to analyze the influence that the role of informal caregiver can have on the development of young people, particularly regarding their subjective well-being. It is important to highlight that, given the lack of support from government entities, performing the role of Informal Caregiver (IC) can have a significant influence on the development of these young people. Therefore, the present study aims to investigate the influence of the role of informal caregiver on the subjective well-being of young people, that is, to evaluate to what extent the fact that young people aged between 12 and 18 regularly perform significant care tasks Caring for a family member with illness or disability affects their subjective well-being. 235 individuals were interviewed, with the group of young noncaregivers consisting of 129 young people and the group of young caregivers consisting of 106 young informal caregivers. This is an investigation with a quantitative approach where several self-report instruments were applied, including a sociodemographic questionnaire and versions translated into Portuguese of several scales, such as the Multidimensional Assessment of Caring Activities (MACA-YC18), the Positive and Negative Outcomes of Caring (PANOC -YC20), the Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), the Kidscreen-10, the Brief Life Satisfaction Scale (BLSS) and the Satisfaction with Social Support Scale (SSSS). To analyze the data, IBM-SPSS was used to perform descriptive and inferential statistical analyses, using parametric tests, such as Association Tests and Analysis of Variance (ANOVA) and a non-parametric test, Kruskall-Wallis. The results obtained indicate that the role of informal caregiver does not significantly influence the subjective well-being of young people, however, an analysis of the differences between the groups of Young non-caregivers and young caregivers revealed that Young Caregivers have higher levels of positive affect and lower levels of satisfaction with life, compared to the group of Young Non-Caregivers.