Relação entre a personalidade e funcionamento familiar na população psiquiátrica adulta

Abstract

O objetivo do presente estudo foi avaliar a relação entre o temperamento e carácter do modelo psicobiológico e o funcionamento familiar em adultos com condições psiquiátricas. A amostra final utilizada neste estudo, recrutada em dois hospitais em Portugal, é composta por 154 participantes (22,1% sexo masculino e 76% sexo feminino) com idade média de 42,5 anos. Os participantes preencheram questionários de autorrelato enquanto participavam numa consulta psiquiátrica. A personalidade dos participantes foi avaliada através da versão portuguesa do Inventário de Temperamento e Carácter (ITC-R). Vários aspetos do funcionamento familiar sensíveis à mudança terapêutica foram avaliados através da versão portuguesa do Systemic Clinical Outcome and Routine Evaluation (SCORE-15). Uma análise descritiva preliminar das respostas dos participantes mostrou que os scores do SCORE-15 e ITC-R foram consistentes com outros estudos utilizando populações psiquiátricas. Análises de regressão linear mostraram que 11,9% da variabilidade no score de funcionamento familiar foi explicada pelas dimensões do temperamento e 14,1% pelas dimensões do caráter. Alinhando-se com as hipóteses de estudo, alta Evitamento de Perigo foi associada a pior funcionamento familiar, enquanto alta Auto-Diretividade foi associada a melhor funcionamento familiar.

The objective of the present study was to evaluate the relationship between psychobiological temperament and character dimensions and family functioning in adults with psychiatric conditions. The final sample used in this study, recruited from two hospitals in Portugal, comprised 154 participants (22.1% male and 76% female) with an average age of 42.5 years. Participants completed self-report questionnaires while attending a psychiatric consultation. Participant personality was assessed using the Portuguese version of the Revised Temperament and Character Inventory (TCI-R). Several aspects of family functioning that are sensitive to therapeutic change were assessed using the Portuguese version of the Systemic Clinical Outcome and Routine Evaluation (SCORE-15). A preliminary descriptive analysis of participants’ responses showed that SCORE-15 and TCI-R scores were consistent with other studies using psychiatric populations. Linear regression analyses showed that 11.9% of the variability in family functioning score was explained by temperament dimensions, and 14.1% by character dimensions. Aligning with the study hypotheses, high Harm Avoidance was associated with worse family functioning, while high Self-Directedness was associated with better family functioning.