Práticas inclusivas dos docentes durante o contexto pandémico

Abstract

Em 2018, surgiu o Decreto-Lei 54/2018 com o objetivo de se construir uma Escola cada vez mais inclusiva. Ao longo do tempo as escolas foram-se adaptando a este novo paradigma, alterando formas de pensar a educação, a aprendizagem e o bem-estar dos alunos em contexto escolar. No entanto, em março de 2020 a pandemia COVID-19 implicou um conjunto de mudanças pessoais, contextuais e globais. O encerramento das escolas e os confinamentos impuseram novas práticas educativas e intensificaram o desafio da inclusão. Neste estudo analisaram-se as diferenças nas práticas inclusivas de docentes em função do modo como foi vivenciado o contexto pandémico durante o segundo confinamento. Devido às condições resultantes da crise pandémica, os dados foram recolhidos online, através do preenchimento de questionários de autorrelato, contando com a participação voluntária e anónima de 137 docentes que trabalhavam nas escolas públicas e privadas portuguesas. Neste estudo, foi utilizado um questionário sociodemográfico e dois instrumentos validados para a população portuguesa que avaliam a perceção sobre práticas inclusivas (RPI- Recursos e Práticas de Inclusão) (Carvalho et al., 2022) e a perceção sobre as vivências durante a pandemia (TEC- Trauma Exposure Checklist) (Morgado et al., 2021a). No sentido de perceber se o modo como o confinamento influenciou a perceção sobre as práticas inclusivas dos docentes, foram realizadas análises de variância univariada. Os resultados do estudo evidenciam que os docentes que apresentavam uma melhor perceção de utilização de estratégias de coping durante o confinamento, bem como percecionavam como positivas as medidas locais implementadas, apresentavam uma perceção de adoção de práticas mais inclusivas. Estes resultados promovem a reflexão sobre a importância dos contextos proximais, em momentos de crise, para a adoção de práticas inclusivas.

In 2018, Decree-Law 54/2018 emerged with the aim of building an increasingly inclusive school. Over time, schools have adapted to this new paradigm, changing ways of thinking about education, learning and the well-being of students in the school context. However, in March 2020, the COVID-19 pandemic implied a set of personal, contextual and global changes. The closure of schools and confinement imposed new educational practices and intensified the challenge of inclusion. In this study, differences in the teachers’ inclusive practices were analyzed depending on how the pandemic context was experienced during the second confinement. Due to the conditions resulting from the pandemic crisis, data was collected online, by completing self-report questionnaires, with the voluntary and anonymous participation of 137 teachers working in Portuguese public and private schools. In this study, a sociodemographic questionnaire and two instruments validated for the Portuguese population were used to assess the perception of inclusive practices (RPI- Resources and Practices of Inclusion) (Carvalho et al., 2022) and the perception of leading with pandemic (TEC- Trauma Exposure Checklist) (Morgado et al., 2021). In order to understand the way confinement influenced the perception of inclusive practices by teachers, univariate analyzes of variance were carried out. The results of the study show that teachers who had a better perception of using coping strategies during confinement, as well as perceiving the implemented local measures as positive, had a perception of adopting more inclusive practices. These results promote reflection on the importance of proximal contexts, in times of crisis, for the adoption of inclusive practices.