Edgar Morin – Terra - Pátria : pensar o futuro...

Abstract

Ao celebrarmos o 100.º aniversário de Edgar Morin, devemos lembrar o seu contributo para o pensamento moderno. A complexidade não conduz à eliminação da simplicidade – pelo contrário, integra em si tudo o que ordena, clarifica, precisa e distingue, no processo de conhecer. Também relativamente à complexidade e à completude, importa afirmar que ambas não são confundíveis. Devemos falar, sim, do conhecimento multidimensional – que pressupõe a compreensão dos princípios da imperfeição, da incompletude e da incerteza. A crise atual é multifacetada: é ecológica, pela degradação da biosfera; é demográfica, pela confluência da explosão populacional nos países pobres e da redução nos países ricos, com desenvolvimento de fluxos migratórios gerados pela miséria; é urbana, pelo desenvolvimento de megapolis poluídas e poluentes, com ghettos de ricos ao lado de ghettos de pobres; é da agricultura, pela desertificação rural, concentração urbana e desenvolvimento das monoculturas industrializadas; é ainda crise da política, pela incapacidade de pensar e de afrontar a novidade, perante a crescente complexidade dos problemas; é ainda das religiões, pelo recuo da laicidade, pelo emergir de contradições que as impedem de assumir os seus princípios de fraternidade universal. A ideia de crescimento ilimitado terá de dar lugar a novas perspetivas não só económicas e financeiras, mas sociais e axiológicas.

Celebrating the 100th anniversary of Edgar Morin, we must remember his contribution to the modern thought. Complexity does not mean elimination of simplicity – on the contrary, evolves everything which gives order, clarifies, precises and distinguishes the process of knowledge. In what concerns complexity and completion, we must say that they are different. We have to speak about multidimensional knowledge, which presupposes the comprehension of the principles of imperfection, incompletion, and uncertainty. The present crisis is diverse: ecological, with the destruction of biosphere; demographic, by the coexistence between the growth of population in the poor countries and the reduction and ageing in the richest countries, with development of migrations due to poverty; urban, because of megacities highly agents of pollution, with ghettoes of rich people and of poor people; agricultural, because of rural desertification, urban centralism and development of industrialized monocultures; also political, because of the incapacity of thinking and of assuming new realities and the complexity of problems; and also concerning religions with less laicity and the contradictions that are against the principles of universal fraternity. The idea of unlimited growth must give place to new perspectives not only economic and financial but social and axiological.